O TJRR já levou para diversas escolas da Capital ações do programa “Maria vai à Escola”, com foco na igualdade e respeito entre todos
Foto: Nucri

Juíza Maria Aparecida Cury: “A violência contra a mulher não é um problema de mulher, é um problema social”
Na Semana da Mulher, alusiva ao 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, além das esteatíticas que têm mostrado ano após ano o aumento de casos e denúncias relacionadas à violência contra mulher em Roraima, é necessário por em discussão como mudar essa realidade e o que tem sido feito pelos órgãos de proteção e garantia de direitos.
Para a titular da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, do TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima), juíza Maria Aparecida Cury, a situação de Roraima não é muito diferente do cenário nacional em relação à violência contra a mulher, ficando em maior evidência devido ao tamanho da população que é menor que a maioria dos estados do Brasil.
Mas para ela, existe algo que deve ser aplicado em todos os lugares para a mudança dessa realidade, realidade esta marcada pela violência contra a mulher, que é um problema social e não apenas de mulher. Para a magistrada, é necessário discutir igualdade de gêneros.
“Vivemos em uma sociedade machista e uma lei, punições apenas não vão mudar essa situação. É necessário uma mudança de cultura. Trabalhar a base fundamental. Precisamos discutir violência de gênero nas escolas e as pessoas têm que entender de uma vez por todas que igualdade de gênero nada tem a ver com ideologia de gênero, orientação sexual. O problema é que não enxergam isso e se não entendem, como vamos sair deste ranking”, argumentou, lamentando que o MEC (Ministério da Educação) esteja atualmente determinando uma caminho inverso às escolas, proibindo desse tipo de abordagem.
Em Roraima, ela destaca que esse trabalho vem sendo realizado por meio do programa Maria Vai à Escola que desenvolve um projeto pedagógico junto às crianças da rede municipal de ensino, em que as professoras selecionadas e treinadas, abordam diferentes temas, todos com foco no respeito.
“É um programa preventivo, em que as professoras durante um mês não falam somente sobre a violência doméstica. Elas começam abordando os direitos fundamentais, os direitos humanos, passam pelo respeito às diferenças [religiosa, de gênero, orientação sexual, etc], respeito como um todo, então falam sobre a importância de conversar e não usar de violência, depois falam sobre violência de gênero, desigualdade e concluem com a Lei Maria da Penha”, explicou.
Segundo ela, gestores das escolas já se manifestaram sobre os resultados que influenciam inclusive, no comportamento dentro das próprias unidades de educação da rede municipal. “Isso porque a gente trabalha o respeito de maneira geral, a igualdade entre todos. E os gestores sempre testemunham quando concluímos as ações, que o projeto faz a diferença na escola. O comportamento da criança muda, o aluno melhora dentro da escola”, comentou.
Mulheres têm rede de atenção no judiciário estadual
E o Poder Judiciário de Roraima atua em todas as frentes no atendimento às mulheres vítimas de violência. Além da prevenção, desenvolvida por meio do trabalho do programa Maria vai à escola, realizado junto á crianças da rede municipal de ensino, o TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima) disponibiliza uma estrutura preparada para lidar com esses casos.
A titular da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, juíza Maria Aparecida Cury, informou que na Capital Boa Vista existem dois juizados, o 1o e o 2o Juizado de Combate à Violência Doméstica. E no Interior, cada juiz das Comarcas tem a competência para trabalhar esses casos.
Segundo ela, em Roraima as decisões relacionadas a Medidas Protetivas de Urgência, na maioria dos casos, são emitidas em até 24 horas. “Medida Protetiva de Urgência é sempre prioridade. Quando chega um pedido largamos tudo para analisar, porque às vezes aquela decisão vai salvar a vida daquela mulher”, explicou.
Além da prioridade na emissão das decisões dessas medidas, a magistrada destacou ainda o trabalho que é desenvolvido pós início do processo junto ao judiciário.
“Temos a Patrulha Maria da Penha que visa o acompanhamento da medida e o trabalho é desenvolvido em parceria com a Guarda Municipal. E também disponibilizamos uma equipe multidisciplinar, que faz contato com a mulher e com o homem para providenciar os encaminhamentos, dependendo de cada caso. Essa equipe visa identificar as necessidades como problemas de vulnerabilidades sociais, envolvimentos com álcool e drogas, entre outros, e dependendo da situação, desenvolve até um trabalho mais aprofundado com um estudo de caso para o encaminhamento mais adequado”, detalhou, lembrando de casos como de mulheres que precisavam fazer ligamento de trompas ou até foram enquadradas em programas de moradias, depois das análises da equipe.
“A violência doméstica precisa de um olhar que vai além. Ela precisa ser enxergada como uma questão social, porque envolve tudo e todos que estão em volta desta mulher vítima de violência. Filhos, pais muitas vezes que vivem com essa mulher e outras situações”, destacou, lembrando também que o TJRR tem ainda um grupo de terapia, promovido em parceria com a faculdade Catedral.
O projeto da Escola Agrotécnica da UFRR prevê a realização de palestras, oficinas de reciclagem, gincanas e outras atividades voltadas à conscientização ambiental
Fotos: Antonio Diniz
O lançamento do projeto de sustentabilidade da ocorreu nesta sexta-feira, dia 1º, na Escola Agrotécnica
“Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável”. Esse é o nome do projeto que será desenvolvido em Roraima, a partir de agora, com recursos do TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima).
O lançamento ocorreu na manhã desta sexta-feira, 1º de março, na Eagro (Escola Agrotécnica) da UFRR (Universidade Federal de Roraima), localizada na PA Nova Amazônia, zona rural de Boa Vista. A unidade educadora da universidade vai executar as ações do projeto, sendo esta a segunda vez que é contemplada com recursos da Vepema (Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas) do TJRR.
O projeto foi contemplado pela Vara, após participar em 2018, de uma seletiva, voltada a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos e com finalidade social, além de ações ligadas às áreas de educação, saúde, segurança pública, trânsito, meio ambiente, entre outros, com previsão de investimento de até R$ 10 mil.
Os recursos disponibilizados são da prestação pecuniária (penas pagas em dinheiro), resultante de transação penal, suspensão condicional do processo e de sentença condenatória no âmbito da Comarca de Boa Vista.
Segundo a coordenadora do projeto na escola, a iniciativa visa, a partir da difusão de informações, mudar a maneira como os alunos se relacionam com o meio ambiente. E além dos estudantes, a iniciativa também tem como objetivo alcançar as pessoas que vivem no entorno da unidade de ensino na área rural.
“A comunidade será contemplada com palestras, oficinas de reciclagem, gincanas e outras atividades voltadas à conscientização ambiental”, informou, destacando que a expectativa é transformar vidas, formando multiplicadores que farão a diferença no futuro”.
Para o assessor da Vepema, Giovani Silva, investir no meio ambiente é muito mais que somente preservar a florestas e animais, trata-se de uma ação voltada para o bem da humanidade. “Quando falamos em sustentabilidade, estamos defendendo uma riqueza da humanidade. Iniciativas como esta merecem ser divulgadas por todo o mundo”, comentou.
Para Anderson dos Santos, aluno do terceiro ano na Eagro, que participou da primeira edição do projeto, ocorrida em 2017, as ações realizadas estão alcançando resultados positivos.
“Aprendi sobre como fazer o descarte correto do lixo e a usar de forma consciente os recursos naturais. A partir do meu exemplo, consegui, mesmo que de forma sutil, provocar uma mudança dentro de casa e até nos amigos e vizinhos”, comentou.
Também participaram da solenidade, a servidora do TJRR, Shirlene Fraxe, o vice-reitor da UFRR, Americo Alves Lyra, o diretor da unidade escolar, Jandiê Araújo e a coordenadora do projeto, Julia Almeida.