VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Mais de 100 mulheres são atendidas com trabalho de apoio psicossocial do TJRR

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Grupo “Ponto de Equilíbrio Elas” realiza atendimento regular a mulheres vítimas de violência doméstica em parceria com o curso de Psicologia das Faculdades Cathedral


Foto: Nucri

 

Grupo de Terapia.
Além do atendimento às mulheres, o Grupo “Ponto de Equilíbrio Elas” também trabalha terapia com homens que já cumprem medidas protetivas



Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de apoio psicossocial “Ponto de Equilíbrio Elas” da Coordenadoria de Defesa da Mulher do TJRR (Tribunal de Justiça de Roraima) teve as atividades de 2019 encerradas com a programação da Semana da Justiça pela Paz em Casa. Conforme levantamento, de 2018 a 2019 mais de 100 mulheres foram atendidas pelo grupo, que atua por meio de uma parceria com o curso de Psicologia das Faculdades Cathedral.

A servidora da Subsecretaria de Saúde do TJRR, Vanuza Matos, psicóloga voluntária que faz parte do grupo desde a sua criação, em 2017, disse que o trabalho tem como base a Lei Maria da Penha, que sugere a criação de grupos de apoio psicológico tanto para a mulher em situação de violência como para o agressor.

 

Segundo ela, o que determina o valor desse trabalho são as mudanças que podem ser percebidas a partir do atendimento das vítimas. “Quando elas chegam, estão muito abaladas e machucadas. Muitas não conseguem nem falar. Mas aí elas ouvem as histórias das outras e se identificam. Na reunião seguinte já começam a relatar o que estão enfrentando. As que conseguem continuar vão se fortalecendo a cada semana e acabam ajudando a fortalecer as outras”, explicou a psicóloga, ao reforçar que o grupo é para ouvi-las, para reconstruir a autoestima e para que elas voltem a acreditar que são capazes, se apoiando mutuamente.

 

Uma das participantes, que não pode ser identificada por questões de segurança, disse que o grupo representa muito na vida dela. “Aqui a gente encontra outras. Muitas vezes pensamos que temos um problema enorme e encontramos alguém com um problema muito maior, que está lutando. Então, isso te ajuda. Agora, que ele [agressor] não sabe onde estou e eu já estou melhor, eu já consigo andar, sair. Antes, nem isso eu conseguia, com medo de alguém me achar”, relatou, destacando a importância de estar em um grupo de apoio para a busca do reequilíbrio emocional.

 

A psicóloga Cássia Dias explica como o grupo trabalha nas situações de violência doméstica e familiar e destaca como as atividades servem para fortalecer as vítimas. “Cada um vivencia aquela situação de uma forma diferente. Cada um faz suas próprias escolhas. O grupo ajuda a repensar como é esse momento. Durante vários meses fazemos atividades onde se vai trabalhando essa questão da força, para que consigam retomar à vida, fazer coisas da rotina, compartilhar e sobreviver. E é justamente nesse ouvir o outro falar que a gente consegue crescer, se ajudar e, o principal: o que é dito aqui, fica aqui. Não sai, o assunto é muito privado”, observou.

GRUPO DE APOIO – O “Ponto de Equilíbrio Elas” é um grupo de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica. Inicialmente, as psicólogas convidam para participar mulheres que já deram entrada em medidas protetivas, mas o grupo é aberto a qualquer mulher que sofre esse tipo de violência, mesmo que ainda não tenha pedido proteção à Justiça.

 

Segundo a pedagoga integrante da Coordenadoria da Violência Doméstica, Aurilene Moura, o objetivo do grupo é que a mulher perceba que é capaz; é recuperar o papel de relevância que é dela. “Mesmo que a situação esteja ruim, pois muitas estão desempregadas, o grupo pode, em conjunto com o setor interprofissional da Coordenadoria da Violência Doméstica, orientar essas mulheres para que elas sejam capazes de buscar os seus direitos e as alternativas que o Estado lhes oferece”, explicou.


Ela ressalta que as expectativas para o próximo ano é que a parceria com a Faculdade Cathedral continue e que cada vez mais as mulheres possam ter acesso a essa terapia. “As mulheres que participam já possuem medida protetiva, passaram por um trauma. É importante o acompanhamento. Por meio dessa parceria conseguimos alcançar cada vez mais mulheres. Para 2020 esperamos que “O equilíbrio” permaneça, e o trabalho avance ainda mais”, completou.

 

A previsão para o retorno dos trabalhos é março de 2020. Cada semestre conta com pelo menos quatro meses de atividades, sendo um encontro por semana. A recomendação é que a pessoa participe de todas as reuniões. As atividades ocorrem no Fórum Criminal Ministro Evandro Lins e Silva, localizado na avenida Cabo PM José Tabira de Alencar Macedo, 602 no bairro Caranã. Para contato com a Coordenadoria de Violência Doméstica do TJRR basta ligar para o telefone: 95 3194-2649.